Crédito: Audiovisual/G20 Brasil
Programa científico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) AmazonFACE foi apresentado na quarta-feira (18) para os delegados que participam, em Manaus (AM), da reunião técnica e do encontro ministerial do Grupo de Trabalho de Pesquisa e Inovação do G20. Representantes de 27 delegações estrangeiras participaram da atividade, que integra a programação oficial do encontro multilateral.
O G20 é um fórum multilateral que reúne as 20 maiores economias do mundo. O Grupo de Trabalho de Pesquisa e Inovação é uma proposta da presidência brasileira e tem entre os objetivos construir uma estratégia de cooperação em inovação aberta.
Os representantes das delegações visitaram o local do experimento, localizado a 80 km de Manaus, na zona florestal de pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). A visita incluiu um ‘sobrevoo’ no guindaste de 45 metros de altura, que permitiu avistar a floresta e a infraestrutura do experimento. A visita ao campo foi realizada no dia seguinte ao lançamento do Plano Científico do AmazonFACE, que estabelece as prioridades de pesquisa dos próximos cinco anos, período de 2025 a 2030 que engloba a fase II do experimento. O programa teve início em 2014. O governo brasileiro está investindo inicialmente R$ 32 milhões nesta nova fase, por meio de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
“A Amazônia tem enorme influência na América do Sul e no clima global. Tenho repetido que o enfrentamento da mudança do clima depende da ciência, da tecnologia, da inovação e da cooperação internacional. O AmazonFACE contempla todos esses aspectos”, afirmou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Luciana Santos.
Segundo a ministra, é preciso avançar na cooperação técnica, científica e tecnológica para diminuir as desigualdades. “No caso específico das mudanças climáticas, precisamos agir rapidamente porque os países mais pobres, em desenvolvimento, são os que mais sofrerão. Posso dizer que já sofrem os impactos dos eventos climáticos. É responsabilidade de todos, mas em especial dos países detentores de tecnologia fornecer respostas e condições para que a humanidade diminua as assimetrias. Considero o G20 o fórum adequado para essa reflexão e ação”, complementou.
A coordenação científica do programa AmazonFACE é feita por cientistas brasileiros, por meio do pesquisador do Inpa Carlos Alberto Quesada e do pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), David Lapola, em estreita colaboração com cientistas do Reino Unido, por meio do Met Office.
Sobre o experimento
O AmazonFACE é um programa científico que se dedica a compreender o que acontecerá com a maior floresta tropical no futuro diante da mudança ambiental global. O experimento de campo utiliza a tecnologia FACE (acrônimo em inglês para free air CO2 enrichment ou enriquecimento de CO2 ao ar livre) e consiste em simular o aumento de 50% na concentração de dióxido de carbono na atmosfera comparado ao atual (420 ppm).
As pesquisas são realizadas em uma infraestrutura composta por seis anéis. Cada anel tem 30 metros de diâmetro e é formado por 16 torres de alumínio de 35 metros de altura. Também integra a infraestrutura quatro guindastes modelo grua de 45 metros de altura, tanques de CO2, equipamentos científicos e toda a parte computacional.
A expectativa é de que o programa gere inicialmente dados pelos próximos dez anos. A combinação da experimentação na floresta e dos modelos matemáticos tem o objetivo de trazer respostas-chave para entender o futuro da floresta amazônica diante da mudança do clima. Esta é a primeira vez que a tecnologia de enriquecimento de dióxido de carbono será aplicada em uma floresta tropical e neste caso na maior floresta tropical do mundo, a Amazônia.
Cooperação internacional
Desde 2021, o programa recebe apoio do governo britânico por meio do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido (FCDO - Foreign, Commonwealth and Development Office), que investiu cerca de £7.3 milhões (considerando a taxa de câmbio atual R$ 53,29 milhões) até março de 2024. Esta é a maior parceria científica entre os dois países.
“É um verdadeiro privilégio estar aqui hoje, visitando o AmazonFACE. Finalmente estar aqui, na Floresta Amazônica, para ver a escala do projeto e ter a chance de falar e aprender com a brilhante equipe que o lidera é inspirador. A parceria entre o Brasil e o Reino Unido é excepcional – o Reino Unido é o segundo maior parceiro científico do Brasil, e o AmazonFACE é o exemplo mais significativo do que somos capazes de alcançar quando trabalhamos juntos”, apontou Charlotte Watts, conselheira científica chefe do FCDO e líder da delegação do Reino Unido na reunião ministerial.
E completou: “Tenho orgulho da importante contribuição científica e do investimento do Reino Unido neste experimento. Os importantes dados gerados pelo AmazonFACE vão nos ajudar a moldar as projeções da ciência do clima. Estou ansiosa para ver os primeiros resultados”, contou Charlotte Watts.
Participa do programa uma equipe internacional de pesquisadores para a produção de respostas sobre o ciclo de carbono, da água e dos nutrientes no contexto das emissões de carbono do futuro. O programa também vai avaliar aspectos socioeconômicos, especialmente para os moradores da floresta e a insegurança alimentar.
Acesse o site do programa e conheça o plano científico: amazonface.unicamp.br
As imagens da visita ao experimento estão disponíveis em https://flic.kr/s/aHBqjBJ7LM