Resumo: As árvores de Copaifera spp., comumente conhecidas como copaibeiras, além da importância econômica, possuem significativa importância ecológica e social para os povos tradicionais da Amazônia. Em virtude de suas propriedades medicinais, o óleo de copaíba é um dos principais PFNM comercializados na Amazônia, sendo o Estado do Amazonas o maior produtor de óleo de copaíba do país. Contudo, as limitações de produção do oleorresina, principalmente, no que se refere a variabilidade desta produção entre indivíduos da mesma espécie e população, incluindo árvores não produtivas, são ainda um entrave no manejo deste PFNM, de forma que se tenha um sistema de produção estável e contínuo. Mas, qual a razão desta variabilidade de produção entre indivíduos? Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo estimar a variabilidade genética de Copaifera multijuga Hayne, bem como verificar se há diferenciação genética entre árvores produtivas e não produtivas de oleorresina, com o uso de marcadores microssatélites heterólogos, em uma população natural e em um teste de progênies, plantios com 39 anos de idade, na região de Manaus-AM. Para o estudo genético, foram amostradas 27 árvores da população natural da Reserva Ducke (2º 57’ 43” Sul e 59º 55’ 38” Oeste), com fenótipos conhecidos (produtiva e não produtiva), incluindo as árvores-mães do teste de progênies. No teste de progênies, foram selecionadas 94 árvores do Plantio 1 (filhas originadas de 3 mães produtivas) e 86 árvores do plantio 2 (filhas originadas de 3 mães não produtivas), totalizando 180 árvores-filhas. Ambos os plantios estão localizados na Estação Experimental de Silvicultura Tropical do INPA (2º 35’ 51,28” Sul e 60º 02’ 10,57” Oeste). Foi realizado, ainda, uma análise fenotípica dentro do teste de progênies. Para isto, dentre as 180 árvores filhas, foram selecionadas as árvores com os maiores diâmetros existentes (DAP ≥ 20 cm): 44 árvores (Plantio 1) e 31 árvores (Plantio 2). A análise fenotípica revelou que, em relação à produção do oleorresina no tronco das árvores de C. multijuga, árvores produtivas e não produtivas podem gerar descendentes com ambos os fenótipos. Seis locos microssatélites da C. lagsdorffii foram amplificados heterologamente e caracterizados com sucesso para C. multijuga. A análise do genótipo das árvores de C. multijuga da população natural (Reserva Ducke) apresentou níveis de variabilidade de baixo a moderado, um total de 39 alelos, com média de 6,5 alelos por loco e a heterozigosidade esperada média de 0,692. O PIC provou ser muito informativo para todos os locos utilizados (> 50%), exceto para o CL02 (48%). Apenas um loco (CL01) apresentou deficiência de heterozigotos (HO < HE), com significativo desvio do EWH (FIS < 0,000). Nos grupos de árvores de C. multijuga fenotipicamente diferentes, produtivas e não produtivas de oleorresina (Reserva Ducke, Plantio 1 e 2/ESST), foram identificados ao todo 91 alelos e média de 7,6 alelos por loco. Em ambos os grupos, o loco mais polimórfico foi o CL32, com 12 e 11 alelos respectivamente, dos quais os valores de heterozigosidade esperada média foram 0,698 (produtivas) e 0,713 (não produtivas). Apesar da pouca diferenciação genética entre esses grupos (FST = 0,003), a função DAPC mostrou que existe distinção genética entre árvores produtivas e não produtivas, todavia, com uma zona de sobreposição. A análise genética revelou ainda, alelos exclusivos para árvores produtivas e não produtivas, reforçando a hipótese de serem geneticamente diferentes. Estudos são necessários para elucidar a variabilidade genética do agrupamento genético desses grupos fenotipicamente diferentes.
Palavras-chave: Copaíba, amplificação heteróloga, plantios, variabilidade genética