Programa de Pós-Graduação em Culturas Africanas, da Diáspora, e dos Povos Indígenas

 

Vivemos numa sociedade considerada pluricultural, possuidora de uma imensa diversidade, formada pelos diferentes povos africanos que foram trazidos para o Brasil, pela presença de povos indígenas, e de povos das diferentes correntes migratórias europeias e outros povos que para cá vieram.

Nossa sociedade se constitui à luz da globalização, o que leva a redimensionar um conjunto de valores, saberes e conhecimentos, cuja lógica principal é de um sistema de exclusões, capaz de desconsiderar as identidades diferenciadas, as práticas sociais, políticas e culturais dos diferentes grupos étnico- raciais; indicadores que revelam como estão entrelaçados os processos de desigualdade social e racial.

Pernambuco é uma das regiões brasileiras onde o tráfico de escravos foi intenso e, segundo dados do Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – CEDEF (MG), concentra cerca de 180 comunidades quilombolas.

Um estudo realizado por Henriques (2001) denuncia os processos de naturalização da desigualdade no Brasil, que se encontra na sociedade civil, manifestada através de resistências teóricas, ideológicas e políticas. O autor afirma que a pobreza no Brasil tem cor, indicando como um dos principais determinantes da pobreza, a desigualdade racial, considerado como o maior problema estrutural do Brasil; devendo ser o combate uma das prioridades das políticas públicas. É certo, que nos últimos anos, esse combate vem se processando de maneira mais ativa, principalmente durante o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva e tem tido continuação no governo atual, porém, o problema ainda está longe de ser resolvido. Portanto, para que tenhamos uma sociedade mais justa e democrática, faz-se necessário refletir sobre esses processos de desigualdade.

Frente a esses desafios, a Universidade de Pernambuco – UPE toma a iniciativa de promover o curso de pós-graduação stricto-sensu, a nível de mestrado profissional em Culturas Africanas, da Diáspora, e dos Povos Indígenas, para preencher uma lacuna que há tempos foi formada, tendo em vista a sanção da Lei nº. 10.639, de Janeiro de 2003, complementada pela Lei 11.645 de 2009, alterando a Lei 9.394, de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes da educação nacional,incluindonocurrículooficialdaRededeEnsino,aobrigatoriedadeda temática História e Cultura Afro-Brasileira, bem como, a Cultura Indígena, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e particulares.

Muitas universidades não se reorganizaram para o atendimento da Lei no que concerne à formação de professores, não incluindo em seu currículo de graduação os conteúdos referentes à História e a Cultura dos africanos e afro-brasileiros, bem como dos povos indígenas; o que dificulta que nossas escolas trabalhem numa perspectiva inter/multicultural, respeitando as diferenças étnico/raciais/culturais.

No entanto, a Universidade de Pernambuco – UPE não somente criou o Núcleo de Estudos sobre África e Brasil – NEAB em 2008, como já colocou nos currículos de graduação estas temáticas e iniciou o curso de Especialização em Culturas Africanas, da Diáspora e dos Povos indígenas, na modalidade a distância. Essas medidas são extremamente necessárias a seus egressos, bem como, aos egressos de outras instituições do Estado de Pernambuco.

A valorização e o fortalecimento de uma Educação Étnico-racial, contemplando todos os âmbitos da sociedade pernambucana, visando a inclusão das comunidades remanescentes de quilombo e as comunidades indígenas constituirão a força motriz desse projeto, pois “o conhecimento das culturas africanas tradicionais, das mitologias africanas, o aprendizado das religiões afro-brasileiras, dos conflitos, das tensões e demandas de homens e mulheres negros possibilitará re-significar sociabilidades, acontecimentos, negociações e contradições capazes de promover uma outra representação e conhecimento da sociedade brasileira, propiciando o desmonte de leituras e memórias que perenizam a discriminação e conduzem aos segregacionismos”. (Campos, 2005, p.03) Isso se aplica, também, à Cultura Indígena.

 

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